Defesa de Mauro Hoffmann entra com pedido para que réu seja julgado fora de Santa Maria

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Emerson Souza (Arquivo)

A defesa de Mauro Londero Hoffmann, empresário e ex-sócio da boate Kiss, entrou com o pedido de desaforamento (quando é solicitado que o julgamento ocorra fora da comarca onde ocorreu o fato) no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS). Ele é o terceiro réu a solicitar à Justiça para ser julgado fora de Santa Maria.  

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Além de Mauro, a defesa do músico Marcelo de Jesus dos Santos também já havia ingressado, no dia 16 de janeiro, com o mesmo pedido ao TJ, solicitando, ainda, a suspensão do julgamento na data prevista, em 16 de março. Os dois pedidos foram feitos a exemplo do que ocorreu com o réu Elissandro Callegaro Spohr (Kiko). Em 18 de dezembro de 2019, o Tribunal de Justiça decidiu pelo desaforamento do ex-sócio da boate, definindo que ele deve ser julgado em Porto Alegre.

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De acordo com a assessoria de imprensa do TJ-RS, junto ao pedido de desaforamento, a defesa de Mauro também solicitou que fosse concedida, em caráter liminar, a suspensão do julgamento designado para o dia 16, até que se tivesse uma decisão final. Como justificativa, o pedido, feito pela defesa na última quarta-feira, usa como alegações que o julgamento em outra comarca visa preservar a imparcialidade dos jurados, a integridade física do réu e a segurança dos envolvidos.

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Ainda na quarta, o desembargador Honório Gonçalves da Silva Neto negou a liminar que solicitava a suspensão do julgamento, alegando que, "mesmo em caso de acolhimento do pleito, seria mantido o julgamento de um dos réus (no caso, o Luciano)". Segundo a decisão, o pleito de desaforamento será apreciado antes do dia 16 de março pela 1ª Câmara Criminal, não havendo necessidade, neste momento, de suspensão do julgamento em Santa Maria.

Na última sexta-feira, o mesmo desembargador já havia negado liminarmente o pedido de suspensão da data do júri feito pela defesa de Marcelo, com a mesma justificativa de que o pedido de desaforamento seria analisado antes da data designada pelo juiz Ulysses Fonseca Louzada.

Conforme a assessoria do TJ, ainda não há data marcada para que a 1ª Câmara Criminal do TJ-RS analise os pedidos das duas defesas. Em nota, os advogados de Mauro informaram que, no momento, não se manifestariam a respeito dos fatos e dos desdobramentos processuais, e reafirmaram "a confiança nas instituições e na ausência de participação de Mauro Londero Hoffmann no trágico evento".

Para Flávio da Silva, presidente da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), o pedido de desaforamento não surpreende:

- A gente já esperava que isso fosse acontecer, havia essa possibilidade. O que não quer dizer que ele vá conseguir. São estratégias da defesa para tentar tirar as responsabilidades dos clientes. Mas para onde quer que levem os réus, pode ter certeza que a gente vai junto e vamos mostrar para eles que vamos fazer a diferença, sim. 

Procurado pela reportagem, Gustavo Nagelstein, advogado de Luciano Bonilha Leão - outro ex-integrante da banda Gurizada Fandangueira - afirma que não se valerá de qualquer "recurso protelatório". Segundo Nagelstein, há um entendimento bem claro do cliente dele por ser julgado em Santa Maria. O advogado entende que o Tribunal do Júri é o foro apropriado para o desfecho processual do caso:

- Não vamos solicitar, seja suspensão da data (do júri) ou o desaforamento. O Luciano tem todo interesse em ser julgado o quanto antes. E ele confia muito na sociedade de Santa Maria e sabe que lá é o foro apropriado para o Tribunal do Júri. Acreditamos, de verdade, no senso de justiça da comunidade de Santa Maria. Te digo com base no fato de ele (Luciano) poder andar por Santa Maria sem qualquer retaliação.

Colaborou Marcelo Martins